Até meus
quinze ou dezesseis anos de idade, acreditava que a vida era orquestrada por uma
cadeia de ideias como nascer, crescer, estudar, formar-se na universidade,
trabalhar, constituir família, encontrando o homem idealizado. E ponto
final!
Os
garranchos das letras da vida demonstraram o quanto que essa ordem utópica não passava de arquétipos transferidos pela família, amigos e religião. Alguns fatos ocorreram comigo: nasci, cresci,
estudei, concluí a graduação em Direito, trabalhei...
Quanto
a conhecer o homem perfeito, ainda este reside no mundo das ideias de Platão.
Pode ser que algum dia ele venha em um carro branco popular, mas ainda está vagando nesse mundo nada perfeito ou ainda irá nascer. Outra hipótese é de ele nunca
existir. Seria o fim dos meus projetos da adolescência?! Projetos
internalizados por uma sociedade que orienta ser a mulher o centro de tudo,
todavia esta não pode agir por diversas vezes com medo de ser massacrada pela
opinião pública. Uns diriam: - Mulher precisa estar em casa com os filhos, mas
precisa trabalhar desde que não seja trabalho que requer uma concentração e/ou
dedicação maior, pois não poderia estar presente na educação dos filhos.
Todas
as profissões passaram por momentos delicados quando uma mulher ousava querer
exercê-las. Mulheres machistas já existiam muito antes do nascimento de minha
avó. Ditar regras de como se vestir, como se sentar, como falar, como olhar e,
o mais importante: como pensar. Seriam essas mulheres as semeadoras do machismo
desenfreado em muitos homens? Talvez sim. Acredito que temos o poder de
modificar muitas coisas, inclusive em educar as nossas filhas e, principalmente,
os nossos filhos que farão parte do clã dos homens.
Retornando
à questão da ditadura machista imposta às mulheres, a história demonstrou o
quanto a mulher era tratada como objeto. Isso parece permanecer no mundo atual
a partir de movimentos na música dita “popular” como o funk brasileiro, entre
outros gêneros musicais de gosto duvidoso. As pessoas se entregam à batida da
música e se esquecem da letra que é a transmissora de uma ideia, de uma
cultura...
Eu
continuo estudando, envelhecendo, pensando ... Tudo o que vier depois será uma
mera consequência da vida e não uma imposição da sociedade. Penso, logo existo, vivo,
crio, reinvento, sou mulher de fibra, sou a minha única originalidade sem
pirataria!