quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Dor esmaga o peito de um jeito que não se sabe o porquê daquele movimento intramuscular que lhe tira o ar sagrado dos céus. 

Vai de um ponto ao outro dentro da caixa toráxica vibrante de sangue ... dizem que pode enfartar, outros, que deixam sequelas... mas vai saber o que os mistérios de um impacto cardíaco podem fazer ao corpo que insiste em ter células que se matam e nascem a todo instante.

Um dia fiz a pergunta (enfadonha) da maioria dos mortais: - Por que vivemos? ... e mais outra:  - Para onde iremos após a morte?

Perguntas naturais de moribundo ou com a ponta do pé quase lá fora dessa vida... ou, ainda, quando se tem medo de olhar o futuro que, por si só,  já é incerto.

Alguém consegue conviver plenamente feliz com o incerto? Ou aprendemos a não pensar no tal futuro?

Então  a dor resolveu dar uma pausa... em alguns anos...  e resolveu viver na incerteza.

quarta-feira, 20 de junho de 2018




Família: um conjunto de pessoas nascidas de uma mesma linhagem sanguínea ou por afinidades emocionais concretizadas pelo sistema jurídico.

As pessoas poderiam se unir pelo amor, mas, às vezes, elas são escolhidas pela vida. E nem sempre essa escolha é a mais acertada entre os integrantes. Os pilares humanos e matriarcais/patriarcais sustentam a estrutura familiar, tentando unir os seres que não se entendem.

As festas que não temos mais. As gargalhadas que não se escutam mais. Sinto falta daqueles dias que pareciam eternos e que não se achava que tudo fosse acabar com a idade, com a doença, com o descrédito no amor.

As almas se foram. As lembranças ficaram abraçadas na dor e no sentimento nostálgico de amar.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O DUELO/ MICHELI LAVIOLA


As cordas entoavam canções solitárias pelo violino. A música se escondia em um universo hermeticamente fechado. Sensações eram acolhidas pela emissora das notas como apenas suas, sem direito a admiradores. 

Seres tentaram alcançar o significado da melodia, mas não pertenciam ao mundo particular de Violeta. Vozes gritavam, sussurravam, mas a condição de nascença impedia que elas ultrapassassem a barreira dos medos e angústias para chegar à musicista.

Disseram a seus pais que esse impedimento se sustentaria por toda a vida. Ela nasceu em um mundo habitado por sua única existência. Até que uma jovem apresentou à Violeta um mundo parecido com o desta. Era uma canção vigorante que sangrava paixão pelos ares da música. Então, houve um duelo de sentimentos por dois violinos. Olhos atentos em cada movimento de sua oponente. Cada nota era um golpe de espada a ser devolvida imediatamente. 

O universo tinha se ampliado nesse torneio com ausência de perdedores. O duelo fazia com que suas adversárias girassem formando um círculo para amedrontar uma a outra, mas não passava de um estímulo desafiador de cordas.

A música se tornou um encontro. O primeiro encontro de Violeta com outra alma, um recomeço de vida.