domingo, 16 de julho de 2017

Passagem| Micheli Laviola



Os deuses vagavam por cada estrela. Tinham o privilégio das escadas que atravessavam cada ponta estelar brilhante. Sabiam a rota que deveriam traçar em busca de uma nova passagem para outros mundos. A caminhada durava duas luas, dois sóis e um eclipse solar. Para os deuses, era rápido. Como se passassem duas ou três horas terráqueas. Às vezes dormiam com a chuva de meteoros ao fundo da paisagem. Descansavam em alguma estrela robusta e admiravam a “manada” de estrelas cadentes. Um deles observava-as e cogitou em fazer um pedido. Pedido a quem? Ele era um deus. Seria contraditório imitar a humanidade em suas insignificantes esperanças. Lembrou-se que a caminhada deveria continuar. Já não se lembrava o porquê da jornada. Era tudo tão belo que não conseguia ouvir os gritos vindos daquele planeta azul. Talvez porque os gritos não se propaguem pelo universo. Não existe ar, nem fé.