Em meu vazio,
encontrei pedaços espalhados de seres que gostaria de ser. Pedaços deixados
pelas brincadeiras ao redor do quintal da casa dos meus pais. Estórias
interessantes permeavam meu inconsciente infanto-juvenil. Queria ser a heroína
com superpoderes. Enfrentava qualquer obstáculo. Tinha o poder em minha cabeça.
Mesmo as personagens sem superpoderes eram grandes naquilo que iam fazer: eram
superadoras de conflitos humanos. Ninguém podia com elas. Estudavam qualquer coisa:
inglês, francês, espanhol, japonês e mandarim; engenharia; dança; canto.
Surpreendiam qualquer pessoa que quisesse submetê-las a palavras de derrotismo.
O mundo em meu quintal era único, mágico. Poderosa em mente, poderosa em vida.
Queria ser tudo. Queria ser o mundo. Viajar sem rumo. Aprender. Conhecer.
Sentir. Escrever... Não havia percebido que as palavras estavam espalhadas
dentro de mim. Não imaginava que escrever era o meu sonho vivido em um quintal
na periferia do Rio de Janeiro. Juntei cada palavra e senti a mim mesma como se
me reconhecesse. Ah, as brincadeiras eram as palavras se divertindo naquele
lugar todo especial! A lua foi por diversas vezes uma parceira em minhas
estórias. Ela abrilhantava aquele lugar escuro e dava o tom ideal para muitas
risadas e aventuras. Quantas vezes quis ir à lua! Admirava cada detalhe dela!
Via os aviões com suas luzes piscando para mim em um sinal de vida além das
nuvens, de histórias a serem contadas. Imaginava cada passageiro que estivesse
ali; o que fariam; o seu destino. A lua me salvou. O quintal me salvou. Estou
viajando agora. Estou tocando a lua, finalmente.
segunda-feira, 17 de abril de 2017
quarta-feira, 5 de abril de 2017
Contos da Natureza | Micheli Laviola
No cais, vejo as ondas em frenético movimento ao contato com a brisa, formando-se uma película que treme ao hálito frio do vento.
Embarcações navegam sem rumo aparente, atravessando a linha do horizonte, unindo-se a essa linha para um sonho de liberdade.
Sol tem o poder de atravessar a linha mágica, com o fervor de sua onipotência e a sabedoria do recolhimento ao mar.
Quando o dia envelhece, nasce a lua de prata com sua luminosidade alva e sem viço do sol.
Lua abraça poemas e músicas transpassando sentimentos. Ela não envelhece. Simplesmente, espelha sua beleza nas águas do mar e se apaixona pelas profundezas oceânicas. Lua imerge para o amor, esquecendo- se das estrelas costuradas no manto negro dos céus.
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