segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

O DUELO/ MICHELI LAVIOLA


As cordas entoavam canções solitárias pelo violino. A música se escondia em um universo hermeticamente fechado. Sensações eram acolhidas pela emissora das notas como apenas suas, sem direito a admiradores. 

Seres tentaram alcançar o significado da melodia, mas não pertenciam ao mundo particular de Violeta. Vozes gritavam, sussurravam, mas a condição de nascença impedia que elas ultrapassassem a barreira dos medos e angústias para chegar à musicista.

Disseram a seus pais que esse impedimento se sustentaria por toda a vida. Ela nasceu em um mundo habitado por sua única existência. Até que uma jovem apresentou à Violeta um mundo parecido com o desta. Era uma canção vigorante que sangrava paixão pelos ares da música. Então, houve um duelo de sentimentos por dois violinos. Olhos atentos em cada movimento de sua oponente. Cada nota era um golpe de espada a ser devolvida imediatamente. 

O universo tinha se ampliado nesse torneio com ausência de perdedores. O duelo fazia com que suas adversárias girassem formando um círculo para amedrontar uma a outra, mas não passava de um estímulo desafiador de cordas.

A música se tornou um encontro. O primeiro encontro de Violeta com outra alma, um recomeço de vida.

2 comentários:

  1. O duelo que inspira à harmonia. E Violeta encontra seu universo; completo, pleno. Musical!

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  2. "um recomeço de vida". com essa frase vc tocou minha alma

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